26 de agosto de 2008

Acampamento de montanha: Defesa da Terra, história, anti-consumismo, ...




A Agrupaçom de Montanha “Augas Limpas” dá continuidade às suas actividades de Verao. Se o ano passado organizávamos umha marcha todo ao longo da Dorsal Galega, denunciando a desfeita ambiental que estraga as serras galegas, neste ano convocamos um acampamento de montanha.

Encontro na serra:

As datas escolhidas som o 19, 20 e 21 de Setembro, justo os últimos dias de Verao. O lugar é o concelho de Sam Joám de Rio, no coraçom dumha das comarcas montanhosas mais senlheiras: Terras de Trives. O pequeno território de Sam Joám de Rio situa-se entre a serra de Castrelo e o monte Cerengo, com mais de 1200 metros de altitude. Ao norte, linda com Ribas de Sil, ao oeste com Castro Caldelas, ao suroeste com Chandreja de Queija e ao sul com a Póvoa de Trives. O rio mais importante do concelho é o Navea.

Sam Joám de Rio tem a sua capital no lugar do Campo, ao que se chega pola estrada comarcal 536 (de Ourense à Rua). Se vés do norte do país, podes chegar pola N-120, atravessando a Serra da Moa.

O território da Moa assenta numha planície de 900 metros de altura média, da Serra da Moa até o rio Navea. Como é habitual nestas zonas, a paisagem conforma-a um hábitat de aldeinhas dispersas e espalhadas. Nove parróquias dividem o concelho, que soma em total 69 núcleos habitados.

Sam Joám de Rio nom se livra do devalar demográfico e económico de todo o interior do país. Desde 1991 a 2007 perdeu umha terceira parte dos seus habitantes. Hoje apenas passa dos 800.

História:

Faltam muitos estudos sobre esta zona. Contodo, podemos dizer que se atopárom pegadas mui marcadas da civilizaçom do Ferro e a cultura castreja, como também dos seus antecessores megalíticos. Na serra da Moa existem restos de numerosas “mamoinhas”, que é como se conhecem nesta área, e que estám feitas de pedra gistosa.

Os romanos deixárom a sua marca perdurável na ponte sobre o rio Navea, pois tinham especial interesse no nosso país, sobretodo para saquear o ouro. (Ainda podemos conhecer alguns miliários que deixárom na zona em homenagem ao emperador). A ponte, tal como a vemos hoje, mostra um arco apontado, que nos indica que foi modificada no século XVI, junto com umha capela que servia de refúgio a peregrinos.

Ainda resta por recuperar muito da história mais recente desta comarca, que de seguro está na memória dos mais velhos. As Terras de Trives fôrom espaço de actuaçom da Federaçom de Guerrilhas de Leom-Galiza até a sua dissoluçom em 1946, e do Exército Guerrilheiro da Galiza durante a segunda metade dessa década.

Actividades:

Convocamos a três jornadas de conhecimento directo da serra, longe dos barulhos habituais, e numha terra que se salvou das cuiteladas das grandes infraestruturas, mas está a padecer a falta de atençom e despovoa-se irremisivelmente. Queremos que estas dias sirvam tanto para os visitantes como para quem nos recebem. Nem cumpre dizer que é obrigado deixar todo como o topamos, ou ainda melhor.

Na linha que vimos defendendo de AMAL, tencionamos que os encontros sirvam para conhecer directamente a Terra e livrar-nos de tanta ignoráncia que ainda arrastamos sobre ela; para saber das agressons que padece, e das melhores maneiras de combater os expoliadores que estám a ameaçar a Galiza; para debater o sentido de palavras como “ecologismo”, “decrescimento” ou ambientalismo; e também para conhecermos de primeira mao que alternativas existem de fixaçom de gente na montanha e na Galiza interior, e que formas de vida anticonsumistas som possíveis. Por suposto, também apostamos pola diversom, mas procurando fugir do lazer encadeado ao dinheiro, à incomunicaçom e às drogodependências. O calendário de actividades que agendamos vai nesta direcçom.

Calendário:

Sexta 19 de setembro
Ás 17 horas formaçom em reconhecemento de prantas. Ás 20 horas charla sobre o modelo de desenvolvemento actual e as luitas ecologistas na Galiza a cargo de SOS Grova, SOS Caurel, SOS Monteferro e AMAL.

Sábado 20 de setembro
Ás 9 horas roteiro de 12Km. Pola noite teremos concerto e foliada com artistas convidados; pandereteiras, regueifeir@s, zanfonistas, gaiteir@s e un cantor-compositor clásico galego (estilo Vaamonde).

Domingo 21 de setembro
Mini-roteiro de hora e meia e rapel. Jantar de confraternizaçom. Charla sobre como vivir no monte galego.

Como apontar-se?

Podes apontar-te ao acampamento em qualquer dos centros sociais galegos antes do dia 12 de Setembro, deixando o teu nome e um número de telefone. O preço das jornadas será de 20 euros, para afrontarmos gastos de transporte, comida alojamento.

Quem nom tiver um centro social no seu concelho, pode chamar ao 649 536 270.

Se finalmente se fleta um autocarro para a viagem, faremos-vo-lo saber individualmente a cada umha das pessoas inscritas.

Que precisas?

Por suposto, tenda de campanha e roupa de monte (apenas botas, prendas resistentes e mudas, deixa-te de marcas e consumo de logos comerciais). Umha linterna, se podes uns prismáticos, navalha e pequeno botiquim. Nom te preocupes da comida, que disso já se encarrega a organizaçom. Ainda que che pareça mentira, nom precisas praticamente dinheiro, porque na montanha consume-se pouco. Umhas poucas moedinhas por se precisas fazer umha chamada de urgência dum telefone público (no monte tampouco se precisa móbil).

Isso si: som obrigatórias as ganhas de andar, certa forma física, as ánsias por conhecer a nossa Terra, e energias para contribuir a esta comunidade de resistência polo nosso país.

Teoria do decrescimento. Serge Latouche

Traduzimos para o galego parte da entrevista a Serge Latouche. O pensador bretom (Vannes, 1940) fora entrevistado na revista ecologista ‘Userda’ em Outubro de 2005. Latouche é um intelectual formado na economia e na sociologia que está a espalhar as teses do ‘decrescimento’, contrárias ao produtivismo capitalista e à suposta alternativa do ‘desenvolvimento sustentável’. É promotor da revista La Décroissance. Recentemente declarou que se as medidas mais mornas que ele propom foram assumidas polo presidente da França, seria assassinado ao cabo dumha semana. De grande interesse para o independentismo, pola sua coincidência com muitas das teses galegas da defesa da Terra.

'O decrescimento é o abandono dumha fe, dumha religiom, e umha consigna política para estes tempos'.


> Que é o decrescimento?

O termo decrescimento utiliza-se desde há pouco no debate económico, político e social, ainda que a origem das ideias que comporta tem umha história mais ou menos antiga. Até estes últimos anos, a palavra nom constava em nenhum dicionário económico e social, enquanto se acham algumhas entradas sobre os seus correlativos ‘crescimento zero’, ‘desenvolvimento durável’ e, claro, ‘estado estacionário’. Porém, já possui umha história relativamente complexa e um incontestável peso analítico e político na economia. Cumpre debruçar-se sobre o seu significado. Os comentaristas e os críticos mais ou menos malévolos salientam a antiguidade do termo para banir mais facilmente o alcanço subversivo das propostas dos ‘objectores do crescimento’. Nom se trata nem do estado estacionário dos velhos clássicos, nem dumha forma ou outra de regressom, recessom, ‘crescimento negativo’, nem tampouco ‘crescimento zero’, ainda que aí podamos achar parte da problemática.

Quero precisar que o decrescimento nom é um conceito e, em qualquer caso, nom é simétrico de crescimento. É umha consigna política com implicaçons teóricas. Aponta para rachar a linguagem enganosa dos drogaditos do produtivismo. A palavra de orde do decrescimento tem sobretodo o objectivo de marcar com força o abandono do objectivo do crescimento polo crescimento, que tem como único motor a procura de benefício dos proprietários do capital, cujas consequências som desastrosas para o meio. Em rigor, teriamos que falar de ‘a-crescimento’, como se fala de ateísmo, ainda que nom estamos a falar de crenças. Mais precisamente, trata-se do abandono dumha fe ou dumha religiom: a da economia, a do crescimento, a do progresso e a do desenvolvimento.

'O crescimento infinito num planeta finito é impossível. Relaciona-se com o que os gregos chamavam ‘hubris’, desmesura.'


> Que diferença o decrescimento do chamado desenvolvimento sustentável?

Se traçarmos a história do conceito do desenvolvimento achamos na sua origem a biologia evolucionista, que o situa na história das ciências ocidentais onde nasceu. Já antes de Darwin os biólogos distinguiam, para os organismos, o crescimento do desenvolvimento. Um organismo nasce e medra, quando medra modifica-se; umha landra nom se faz umha grande landra, senom um carvalho, por exemplo, e este é o seu desenvolvimento. Mas o crescimento nom é um fenómeno infinito e ao fim dum tempo, o organismo morre. Os economistas transferírom esta palavra de jeito metafórico ao organismo económico, mas esquecêrom a morte. Pode-se ver, a partir de aqui, que o conceito é perverso porque incorpora nele o que os gregos chamavam ‘hubris’, a desmesura. Entrámos num ciclo perverso de crescimento ilimitado, crescimento do consumo para fazer crescer a produçom que, polo seu turno, faz medrar o consumo e assi sucessivamente. Nom se trata de acadarmos um certo nível de bem estar e satisfacçom. Pola contra, esta satisfacçom sempre é rejeitada até o infinito. É absurdo por completo, apenas poderia ser matematicamente. Com efeito, umha taxa de crescimento contínuo do 2 ao 3% anual, conduziria o organismo económico a medrar seiscentas vezes num século (…). Vivemos num planeta finito. Aquí enfrentamo-nos ao conhecido ‘teorema do nenúfar’. Se um nenúfar coloniza um estanque duplicando a sua superfície, quiçá tardará cinquenta anos em colonizar a metade, mas apenas cumprirá um ano para colonizar a metade que resta. Estamos neste ponto, fica claro com o petróleo, as fragas, a pesca, o cámbio climático. Acreditámos que podíamos papar todo sem problema, e hoje percebemos que agora todo pode desaparecer aginha.

A ideia dum desenvolvimento sustentável nom é, portanto, um princípio de soluçom. Ao contrário, é o oxímorom da decadência. O modelo de desenvolvimento seguido hoje por todos os países é fundamentalmente pouco durável. Pode-se fazer, como se fazia numha época, comparar o socialismo existente com o socialismo sonhado. O único desenvolvimento que se conhece é o que existe. Resume-se em ‘tirar sempre mais da mesma cousa’, seja o que for o adjectivo que lhe anexarmos. Em trinta anos de participaçom pessoal em projectos do Terceiro Mundo e essencialmente na África, vim o desenvolvimento –chamado socialista, de participaçom activa, cooperativo, autónomo, popular- ter os mesmos resultados catastróficos (…) O desenvolvimento nom saberia ser nem durável nem sostível. Se se quer construir umha sociedade durável e sostível, cumpre sair do desenvolvimento, e em consequência sair da economia que esta incorpora, na sua mesma essência, a desmesura.


> Quem fôrom e quem som os teóricos do decrescimento?

O projecto dumha sociedade autónoma e ecónoma que abraça esta consigna nom é de onte. Sem recuarmos a certas utopias do primeiro socialismo, nem à tradiçom anarquista renovada polo situacionismo, foi formulada numha fórmula semelhante à nossa desde finais da década de 60 por Ivan Illich, André Gorz e Cornelius Castoriadis. O fracasso do desenvolvimento no sul e a perda de referentes ao norte levárom muitos pensadores a pôr em causa a sociedade de consumo e as suas bases imaginárias. O progresso, a ciência e a técnica.

'A tentativa dumha vida austera tem que ver com outros valores, nom com o prejuízo da frustraçom massoquista'.

> A simplicidade radical postulada, entre outros, por Jim Merkel, dos Estados Unidos, aproxima-se ao decrescimento de Serge Latouche? Quer dizer, poderia falar-se dumha ideologia e dum decrescimento global?

Si e nom. No seu livro La convivencialidad, Ivan Illich defende a ‘sóbria embriaguez da vida’. Diz que a condiçom ‘humana’ actual, em que todas as tecnologias se fazem tam invasoras, ele nom saberia topar mais ledice que no que diria um tecno jow. A limitaçom necessária do nosso consumo e da nossa produçom, o fim da exploraçom da natureza e da exploraçom do trabalho polo capital nom significam um ‘retorno’ à vida de privaçom e de laboura. Isto significa, pola contra –se se é quem de renunciar ao conforto material- umha libertaçom da criatividade, umha renovaçom do convívio, e a possibilidade de chegar a umha vida digna. A procura da simplicidade voluntária ou, se se preferir, dumha vida austera, nom tem que ver com um prejuízo de frustraçom massoquista. É a tentativa de viver de outra maneira, de viver melhor nos feitos, e mais em harmonia com as próprias conviçons, substituindo a corrida dos bens materiais pola procura de valores mais satisfatórios. (…) Este caminho é evidentemente, em geral, progressivo, ainda que as pressons contrárias da sociedade forem fortes. É um caminho que exige dominar os próprios medos, medo do baleiro, medo da doença, medo do porvir, medo também de nom estar dacordo com o pré-fabricado, medo de arredar-se das normas em vigor. Trata-se de viver agora, mais que de sacrificar a vida que temos ao consumo ou à acumulaçom de valores sem valor, a construçom dum plano de poupança ou de reforma encarregado de fazer frente ao momento em que nom tivermos avondo.

Umha reflexom mais repousada sobre a pegada ecológica permite, sem embargo, captar o carácter sistémico do ‘sobre-consumo’ e dos limites da simplicidade voluntária. No ano 96, ainda, a pegada ecológica da França correspondia-se justo a um planeta, hoje corresponde-se a três. Isto quer dizer que nas moradas francesas comiam três vezes menos carne, bebiam três vezes menos de água e de vinho, queimavam três vezes menos de electricidade ou de gasolina? De certeza nom. Só que, o pequeno iogurte com morangos que comiam daquela ainda nom incorporava os seus 8000 km! (refere-se à distáncia que percorrem os ingredientes dum iogurte antes de ser fabricado. Nota do Tradutor). A roupa que levamos tampouco e a carne devorava menos produtos químicos, pesticidas, soja importada e petróleo. De qualquer jeito, o cámbio de imaginário, se nos decidirmos, comporta igualmente múltiplos cámbios de mentalidade que em parte estám prontas para a propaganda e a imitaçom. Cumpre que as mentalidades se alterarem para mudar o sistema.

'Há que reconquistar ou reinventar os bens comuns e os espaços comunitários'.

> Que medidas práticas, que pudessem ser assumidas polos cidadaos e cidadás do primeiro mundo, podiam ser aplicadas, aqui e agora, para tendermos ao decrescimento?

Medidas muito simples e quase anodinas em apariência som susceptíveis de desenvolver o caminho virtuoso do decrescimento. Pode-se pensar na transiçom com um programa que se sostém com alguns pontos e que consiste em tirar as consequências conhecidas do diagnóstico actual. Por exemplo:

- Voltar aos anos sessenta-setenta para a produçom material, com umha pegada ecológica igual ou inferior a um planeta.

- Internalizar os custes do transporte.

- Voltar a situar num plano local muitas actividades.

- Adoptar o programa da agricultura labrega da confederaçom campesina (Jose Bove).

- Impulsionar a ‘produçom’ de bens de relaçom.

- Adoptar o cenário Megawatt, quer dizer, reduzir o esbanjamento de energia a um factor 4.

- Penalizar seriamente os gastos publicitários.

- Decretar umha moratória sobre a inovaçom tecnológica, fazer um balanço sério e reorientar a pesquisa científica e técnica para as novas aspiraçons.

A internalizaçom das economias externas, de início, segundo a teoria económica ortodoxa, permitiria, levada até as últimas consequências, realizar quase todo o programa do decrescimento. Todas as disfunçons ecológicas e sociais poderiam e teriam que ser pagas polas empresas responsáveis. Imaginemos o peso do impacto da internalizaçom de custos dos transportes sobre o meio, sobre a saúde…evidentemente, as empresas que seguem a lógica capitalista ficariam desarmadas. Um grande número de actividades já nom seriam ‘rendíveis’ e o sistema colapsaria. Mas nom seria precisamente esta umha prova suplementar da necessidade de sair do sistema e, portanto, umha via de transiçom possível para umha sociedade alternativa?


> Como se pode influir no ámbito político local para espalhar esta ideia?

A utopia local quiça é mais realista do que pensamos porque é da vivência concreta da gente que provêm as esperanças e as possibilidades. Takis Fotopoulos diz que apresentar-se a umhas eleiçons locais dá a possibilidade de começar o cámbio desde embaixo, o que é a única estratégia democrática –contrariamente aos métodos estatistas (que proponhem mudar a sociedade da cima valendo-se do poder central) e as vaguidades da ‘sociedade civil’ (que nom apontam para nada a cambiar o sistema). Numha visom ‘pluriversalista’, as relaçons entre as diversas políticas no povo planetário poderiam regular-se por umha ‘democracia das culturas’. Longe dum governo mundial, seria umha instáncia de arbitragem mínima entre as políticas soberanas de alcanço mui diverso. (…) A criaçom de iniciativas locais ‘democráticas’ é mais ‘realista’ que a dumha democracia mundial. Se se exclui a possibilidade de fazer cair frontalmente a dominaçom do capital e dos poderes económicos, fica a possibilidade da dissidência. É também a estratégia zapatista e do subcomandante Marcos. A reconquista ou a invençom dos ‘commons’ (comuns, bens comuns, espaço comunitário) e a auto-organizaçom da bio-regiom de Chiapas, seguindo a análise de Gustavo Esteva, constitui umha possível ilustraçom da estratégia local dissidente.

Apresentaçom da Teoria do decrescimento

> O Decrescimento?

O decrescimento é um slogan. É tambem um conceito que nos obriga a todos a tomar consciência dos limites fisicos do planeta aos quais nós nos confrontamos. Ele obriga-nos a pôr em causa a nossa noção de conforto, de necessidade.

O decrescimento não é uma ideologia, é uma necessidade absoluta: depois de dois séculos, o colonialismo, a revolução industrial, o urbanismo, o recurso ás energias fosséis, o desenvolvimento frenético e a utilização da quimica, da fisica e da biologia, aceleraram consideravelmente os danos cometidos ao meio natural. Mas foi sobretudo depois da segunda guerra mundial que os problemas de ordem ecológica tomam uma escala planetária. A ajuda ao “desenvolvimento” dos países pobres vem justificar um crescimento económico cada vez mais forte e faz nascer a “sociedade de consumo”.

Todo o acto de consumo é um acto de destruição: a extração de energia e de matérias primas, à partida; acumulação de lixo, à chegada. As contas feitas á ecologia são catastróficas: mudanças climáticas, desflorestação, desaparecimento das águas doces, degradação dos solos, perda da biodiversidade, poluição quimica, nuclear, acumulação de residuos, esgotamento dos recursos não renováveis. O crescimento, indispensável á sobrevivência do capitalismo, conduz-nos a um impasse. Só o decrescimento, ou seja a adopção de modos de vida, de habitação, de transporte, de consumo muito mais económicos em recursos naturais, podem abrir novas perspectivas.


Mas o decrescimento não se limita aos aspectos ecológicos. É igualmente uma reflecção sobre o aspecto económico e social da produção, do consumo e da distribuição das riquezas, tal como uma crítica da ideoloia do progresso, da industrialização das técnicas e do cientismo.


O decrescimento não será o «retorno à luz da vela», esse bicho papão que alguns proclamam para salvaguardar o lucro capitalista. Ele será, pelo contrário, a ocasião de tomar consciência que a felicidade não se mede por volume e produção, que é mudança dos valores humanos essenciais (respeito, tolerância, solidariedade), a perda do sentido (quer no trabalho quer na vida em geral) que nos leva à bulimia do consumo de bens materais. Ele pode ser, para o homem, a oportunidade a não perder de construir uma outra sociedade, de desenvolver práticas e experiências baseadas na autonomia, na creatividade, na solidariedade e na convivialidade.


O decrescimento é também ir contra, desde hoje, ao sistema capitalista, industrial e espectacular. É um grão de areia na engrenagem da mega- máquina. Um grão de areia entre tantos outros, de forma a dar cabo deste sistema, minimizando a violência. O decrescimento, não é apenas um conceito, é também e sobretudo práticas a adoptar, aqui e agora: viver de outra forma (squats, ecoaldeias...), produzir de outra forma, consumir de outra maneira, etc. O máximo de vias que podemos seguir concretamente hoje sem chegar a uma hipotética «greve geral». Mas atenção, em separado, cada uma dessas práticas isoladas podem ser recuperadas pelo sistema, tanto como o isolamento destas experiências e alternativas podem levar ás rasteiras das comunidades sectárias e utópicas. Para evitar esse perigos a crítica anti-capitalista, anti-industrial e anti-autoritária como do feudalismo é necessária.


Como o decrescimento é uma necessidade cada vez mais urgente, a escolha não é entre o decrescimento ou o crescimento, mas entre uma sociedade libertária onde a população pratica em harmonia o decrescimento ou uma sociedade onde medidas draconianas serão impostas por governos autoritários!

Construemos um outro presente!


Grupo Marée Noire

10 conselhos para entrar em resistência



10 conselhos para entrar em resistência através do decrescimento:

1- Libertar-se da Televisão

Para entar no decrescimento, a primeira etapa é tomar consciência do nosso condicionamento. O vector principal desse condicinamento é a televisão.
A nossa primeira escolha será libertar-se.Como a sociedade de consumo reduz o humano à sua dimensão económica – consumidor - , a televisão reduz a informação à sua superfície, a imagem. Meio de comunicação da passividade, portanto da submição, ela não pára de reduzir o indivíduo. Por natureza, a TV exige a rapidez, ela não apoia os discursos de fundo. A televisão é poluente na sua produção, na sua utilização e por fim como lixo. Nós preferimos a nossa vida interior, a criação, aprender a tocar instrumentos de música, encenar e assistir a espectaculos vivos...
Para nos informar-mos temos a escolha: da rádio (sem publicidade), da leitura (sem publicidade), do teatro, do cinema (sem publicidade), dos encontros, etc...

2- Libertar-se do automóvel

Mais que um objecto, o automóvel é um simbolo da sociedade de consumo.
Reservado aos 20% dos habitantes mais ricos do planeta, ele conduz inexoravelmente ao suicídio ecológico pelo esgotamento dos recursos naturais (necessários á sua produção) ou pelas poluições multiplas que, entre outras, levam ao aumento do efeito de estufa. O automóvel provoca guerras pelo petróleo das quais a última data do conflito iraquiano. O carro tem também como consequência uma guerra social que conduz a uma morte todas as horas apenas em França. O automóvel é uma das epidemias ecológicas e sociais da nossa era.
Nós preferimos: a recusa da hipermobilidade, a vontade de morar perto do nosso local de trabalho, caminhar, a bicicleta, o comboio, os transportes públicos.

3- Recusar apanhar o avião

Recusar apanhar o avião, é primeiro que tudo romper com a ideologia dominante que considera como um direito inabalável a utilização deste meio de transporte.
No entanto, menos de 10% dos humanos já apanharam o avião. Menos de 1% o apanha todos os anos. Esses 1%, a classe dominante, são os ricos dos países ricos. São estes mesmos que possedem os medias e que fixam as normas sociais. O avião é o meio de transporte o mais poluente por pessoa transportada. Devido á sua rapidez ele artificializa a nossa noção de distância.
Nós preferimos ir menos longe, mas de melhor forma, a pé, de carroça, de bicicleta ou de comboio, de barco á vela, com todos os transportes não motorizados.

4- Libertar-se do Telemóvel

O sistema gera necessidades que se tornam dependências. O que é artificial torna-se natural. Como muitos dos objectos da sociedade de consumo, o telefone é uma falsa necessidade criado artificialmente pela publicidade. “Com o telemóvel é contactavel a qualquer momento”. Com o telemóvel nós deitamos fora também os micro-ondas, as máquinas de cortar relva e todos os objectos inúteis da sociedade de consumo.
Nós preferimos ao telemóvel o telefone fixo, o correio, a palavra, mas sobretudo nós queremos existir por nós próprios em vez de tentar esconder o vazio existêncial com objectos.

5- Boicotar a grande distribuição

A grande distribuição é indissociavel do automóvel. Ela des-humaniza o trabalho, ela polui desfigura as cidades, ela mata os centros das cidades, ela favoriza a agricultura intensiva, ela centraliza o capital, etc. A lista de epidemias que ela representa é demasiado longa para ser enumerada aqui.
Nós preferimos: antes de mais consumir menos, a autoprodução alimentar (hortas), o comércio local, os mercados, as cooperativas, o artesanato.
Todo isto nos levará a consumir menos e a recusar os produtos manufacturados.

6- Comer pouca carne

Ou melhor, comer vegetariano. A condição reservada aos animas de criação revela a barbarie tecnociêntifica da nossa civilização. A alimentação carnivora é também uma problemática grave ecológica. Mais vale comer directamente os cereais que utilizar terras agricolas para alimentar animais destinados ao matadouro. Comer vegetariano ou menos carne deve ser também ir de encontro a uma melhor higiene alimentar, menos rica em calorias.

7- Consumir localmente

Quando compramos uma banana das Antilhas, consumimos também o petróleo necessário à sua travessia até aos países ricos. Produzir e consumir localmente é uma das condições essenciais para entrar no decrescimento, não num sentido egoísta, claro, mas ao contrário para que cada povo encontre novamente a sua capacidade de autosuficiência. Por exemplo, quando um camponês africano cultiva cacau para enriquecer alguns dirigentes corruptos, ele não cultiva seja o que fôr para se alimentar e para alimentar a sua comunidade.

8- Politizar-se

A sociedade de consumo deixa-nos a escolha: entre a Pepsi-Cola e a Coca-Cola ou entre o café Delta ou o café de comércio justo Max Havelaar. Ele permite-nos a escolha de consumidores. O mercado não é nem de direita, nem de centro nem de esquerda: ele impõe a ditadura finnceira com o objectivo de recusar todos os debates contraditórios e todos os conflitos de ideias. A realidade é a ecónomia: aos humanos de se submeterem. Este totalitarismo é paradoxalmente imposto em nome da liberdade de consumir. O estatuto de consumidor é considerado superior ao de humano.
Nós preferimos politizarmos-nos, como pessoa, em associações, em partidos, para combater a ditadura das empresas. A democracia exige uma conquista permanente. Ela morre quando é abandonada pelos cidadãos. É tempo de lhes levar as ideias do decrescimento.

9- Desenvolvimento pessoal

A sociedade de consumo precisa de consumidores servis e submissos que não desejam mais ser seres humanos por inteiro. O que eles apenas conseguem graças ao embrutecimento, por exemplo, em frente da TV, pelos “lazeres” ou pelo consumo de neurolepticos (Prozac...).
Pelo contrário, o decrescimento económico tem como condição um deslumbramento social e humano. Enriquecer-se ao desenvolver a vida interior. Priveligiar a qualidade das relações consigo e com os outros em deterimento da vontade de possuir objectos que nos possedem... Procurar viver em paz, em harmonia com a natureza, e não ceder à sua própria violência, ai está a verdadeira força.

10- Coerência

As ideias são feitas para serem vividas. Se não somos capazes de as pôr em prática, elas terão apenas como função fazer brilhar o nosso ego. Nós estamos todos sujeitos ao compromisso, mas tentaremos ter o máximo de coerência. É a condição da credibilidade do nosso discurso. Mudemos e o mundo mudará.
Esta lista não é certamente exaustiva. A vós de a completar. Mas se não procurar-mos esta necessidade de coerência, seremos condenados a viver muito hipocritamente as consequências dos nossos modos de vida. Claro que não existe forma de vida pura na terra. Nós vivemos todos no compromisso e está bem assim.

Teoría do decrescimento. Miguel Amorós



"Crescimento e decrescimento" Miguel Amorós:

Falar de crescimento e decrescimento é o mesmo que falar de capitalismo e anticapitalismo, já que o capitalismo é a única formaçom económica que nom se basea apenas na obtençom de lucros, senom na obtençom crescente dos mesmos. Os frutos da exploraçom capitalista nom se utilizam principalmente em dispêndios, senom que se convertem em capital e se reinvestem. Deste jeito o capital medra, acumula-se sem cessar. O crescimento é a condiçom necessária do capitalismo; sem crescimento, o sistema esboroaria. É o indicador do funcionamento normal da sociedade; é portanto um objectivo de classe. Desde que a burguesia é ciente dos fundamentos do seu poder, a expansom é a sua bandeira; porém, até 1949 o crescimento nom se define já como política geral do Estado, no famoso discurso de Truman.

O capitalismo virara mais técnico, mais dependente da tecnologia, mais americano. A ideologia baseada no crescimento económico como panacea, o desarrolhismo, converterá-se no eixe de todas as políticas nacionais, tanto de direitas como de esquerdas, tanto parlamentaristas como ditatoriais. A primacia do crescimento económico sobre o alvo político caracterizou durante os anos cincuenta e sessenta os discursos dos representantes da dominaçom. A liberdade foi assimilada à possibilidade dum maior consumo, do acesso a um maior número de mercadorias, graças ao crescimento. E ficou garantida polos pactos sociais de pós-guerra entre as administraçons, os partidos e os sindicatos, ao permitir o pleno emprego e a melhora do poder adquisitivo dos trabalhadores associada à produtividade.

O baleiro dumha vida entregada ao consumo e manipulada pola indústria cultural foi posta de manifesto pola revolta juvenil dos sessenta, que afectou as capitais dos países chamados “desenvolvidos”: os moços insatisfeitos nom queriam umha vida onde o nom morrer de fome se cambiava pola certeza de nom morrer de aborrecimento. Os distúrbios do gueto preto americano botárom mais combustível ao lume da rebeldia. Os excluídos da abundáncia demonstravam o seu rechaço mediante o saqueio e a desfeita de mercadorias. Essa revolta niilista topou a sua teoria em Maio de 1968. Mas isso nom foi todo. O mesmo sistema começou a ser questionado desde dentro por especialistas dissidentes, nomeadamente do campo da teoria económica e do ambientalismo. Rachel Carson foi a primeira em advertir da ameaça que para a vida na Terra supunha a produçom industrial. Os economistas N. Georgescu-Roegen, H. Daly ou E.J. Mishan (o primeiro em escrever dos custos do desenvolvimento em 1969), davam umha focagme “física” e holística à sua disciplina, considerando o mundo como um sistema fechado, umha “nave espacial Terra”, onde todo se vencelha com todo, e todo tem um custo. Segundo um artigo histórico de Kenneth Boulding escrito em 1966, na economia do “cowboy”, a medida do sucesso fornecem-na a produçom e o consumo, enquanto que na economia do “astronauta”, o sucesso corresponde à conservaçom do meio. Porém, o crescimento inerente à primeira alimenta-se com a degradaçom, visível a partir do ponto em que a destruçom domina sobre todo o demais (quando a capacidade do planeta em aturar o refugalho fica superada). Poluiçom, aditivos químicos, chuva aceda, refugalho, explossom demográfica, urbanismo depredador, motorizaçom, turismo, etc. problemas que desvendavam o desequilíbrio ecológico do planeta, fôrom colocados e debatidos de maneira temperá.

Na altura, Barry Commoner, na obra O círculo fecha-se, e Edward Goldsmith, desde a revista The Ecologist, criticárom o desenvolvimento tecnológico unilateral, o esbanjamento irreparável do “capital natural” e o impacto negativo crescente da indústria moderna sobre os ecossistemas, a saúde e as relaçons sociais. Científicos como J. Lovelock y S. Margulis formulárom a “hipótese Gaia” sobre o planeta como sistema autorregulado, e desvendárom pola vez primeira o aumento do efeito estufa devido aos vertidos gasosos à atmósfera da indústria e a circulaçom motorizada. Outro experto, Donella Meadows, do MIT, a solicitude do Clube de Roma redigiu um informe intitulado Os limites do crescimento para a Conferência de Estocolmo (1972), que colocava a contradiçom irresolúvel entre um desenvolvimento infinito e uns recursos naturais finitos. A expansom económica desorganizava a sociedade e obrigava a multiplicar as hierarquias e os controlos. Efectuava-se em detrimento da ecosfera e de manter-se ia esgotar os recursos. Qualquer política económica devia de contar com o meio ambiente se na verdade queria saber os custes reais. Aliás, o aumento exponencial da populaçom provocaria umha crise alimentária (como dizia Malthus) e num século chegaria-se ao colapso social e à desapariçom da vida. A soluçom residiria num “crescimento zero”. Lembrando a recomendaçom de Stuart Mill, umha economia estacionária reestabeleceria o equilíbrio entre a sociedade industrial e a natureza. Finalmente, Goldsmith e um grupo de colaboradores publicárom em 1972 um Manifesto para a sobrevivência, que retomava e sistematizava as críticas anteriores. A sua mensagem: economia e ecologia deviam reconciliar-se, para dar lugar a formas sociais estáveis, autárquicas, descentralizadas.

As críticas que salientavam o papel menosprezado da natureza na história social, fôrom ignoradas por quase todos os contestatários, com a excepçom honrosa do anarquista Murray Bookchin, porque primeiro de todo punham em causa o dogma do desenvolvimento das forças produtivas, a base sagrada do socialismo. E em segundo lugar, porque longe de pretender um cámbio revolucionário tratando de agrupar os mais trás um programa antidesarrolhista radical, aspiravam apenas a convencer os governantes, empresários e políticos do mundo a fazerem frente aos feitos denunciados, com medidas que nom iam além dos impostos, as multas e as subvençons. Os científicos e demais expertos eram vítimas da sua posiçom de classe subalterna e auxiliar do capitalismo, que nom questionavam para nada, polo que fechavam os olhos ante as consequências para a acçom das suas objecçons ao crescimento e negavam o seu anticapitalismo essencial. Limitando-se a exercer a funçom de conselheiros, cometiam o erro de confiar nos dirigentes, quer dizer, nos responsáveis do deterioramento planetário que eles mesmos denunciárom. O movimento ecologista arrastará sempre esse pecado de origem, e nos oitenta os projectos “verdes” confluirám com as inovaçons capitalistas. A fugida neoliberal para a frente no crescimento e na degradaçom –encarecimento do petróleo, Bhopal, Chernobil, as dioxinas, o buraco na capa de ozónio, a poluiçom...- confirmou a pertinência das críticas. O fracasso do desarrolhismo sem entraves converteria ao ecologismo a maioria dirigente. O conceito de “desenvolvimento sostível” do informe Bruntland (1987), apresentado pola Comissom Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, e sobretodo, pola Conferência de Rio (1992) marcaria a fusom da ideologia ecologista com o capitalismo, aceitada em primeiro lugar polos partidários da regulaçom estatal do crescimento, a velha “esquerda”.

Na realidade, tratava-se de preservar o desenvolvimento, que nom a sostibilidade. De administrar a nocividade, nom de suprimi-la. Para isto procurava-se a harmonizaçom do meio ambiente com a economia de mercado. A capa de ozónio e o modo de vida consumista podiam ser compatíveis graças a umha nova contabilidade que incluisse o custo ambiental. O mercado beneficiaria a produçom “limpa” e puniria a poluinte. A reciclagem seria premiada e o lixo, penalizado. Ainda, a Conferência de Kyoto sobre o cámbio climático (1997) pujo de manifesto as dificuldades insalváveis que apresentava o processo de reconversom ecologista da produçom e o consumo. Apesar da apariçom dum negócio ambiental cada vez mais importante e da poupança que significava o desmantelamento dos serviços sociais do Estado, o mercado nom podia fazer-se responsável de dita transformaçom, por ser gravosa para as indústrias. Medidas elementais como os topes à emissom de gases punham em perigo o crescimento puro e duro, pilar central do capitalismo de hoje. A soluçom que achárom, a globalizaçom dos intercámbios, e a sua consequência primeira, a deslocalizaçom das indústrias e o incremento exponencial do transporte, caminhava na direcçom contrária. Exigia que a agricultura intensiva seguisse a alimentar o mundo, nesta ocasiom com ajuda da engenharia genética, que indústria química determinasse o metabolismo humano, que os meninhos asiáticos trabalhassem em fábricas, e que o TAV acuitela-se a Europa; esse trem que para o poder “nom é apenas um modo de comunicaçom rápido, solidário e eficiente, senom o mais compatível com as exigências meioambientais”. Diria-se o mesmo da energia nuclear ou dos organismos modificados geneticamente. Se o crescimento destrutivo precisava a cobertura ecológica, a desfeita tinha que apresentar-se como o acto ecológico por excelência.

Em Dezembro de 1912, seis anos antes de ser assassinada pola soldadesca dum governo socialdemocrata, Rosa Luxemburg tirava do prelo um controvertido livro, A acumulaçom do capital. Nele afirmava que a reproduçom ampliada de capital, isto é, o “crescimento”, nom podia assegurar-se sem entrarem na órbita mercantil os sectores atrasados dos países modernos e a populaçom do resto do mundo que se desenvolvia em economias pré-capitalistas ou de capitalismo incipiente. Para o mundo capitalista era vital a existência dum mundo exterior, fonte de consumidores, matérias primas e mao de obra barata. As dificuldades que o processo podia ter solucionavam-se à força:

Nos países de além mar, o seu primeiro aceno, o acto histórico com que nasce o capital e que desde entom nom deixa de acompanhar nem um só momento a acumulaçom, é o assovalhamento e aniquilaçom da comunidade tradicional. Com a ruina de aquelas condiçons primitivas, de economia natural, labrega e patriarcal, o capitalismo europeu abre a porta ao intercámbio da produçom de mercadorias, converte os seus habitantes em clientes obrigados das mercadorias capitalistas e acelera, a um tempo, em proporçons gigantescas, o processo de acumulaçom, expoliando directa e descaradamente os tesouros naturais e as riquezas acumuladas polos povos submetidos.

Porventura por contradizer Marx, o livro foi esquecido, mas o seu ponto de vista foi repetido nos setenta por certos críticos, que tinham em comum o feito de terem sido altos funcionários: Ivan Ilich, da Igreja; François Partant, das finanças francesas; Fritz Schumacher, da indústria inglesa. Estavam implicados em programas de desenvolvimento do “Terceiro Mundo” e postulavam, a diferença dos ecologistas, o abandono do capitalismo.

Com efeito, livros como A convivencialidade (Illich), O Final do desenvolvimento (Partant), O pequeno é formoso (Schumacher) ou O manual completo da autosuficiência (John Seymour) denunciava, a ausência de relaçom entre prosperidade económica e bem estar social, rejeitavam o produtivismo, as novas tecnologias, os sistemas burocráticos e autoritários, o consumo de massas, os monocultivos, os pesticidas e adubos químicos, o urbanismo desbocado...e pulavam pola economia vernácula assente em laços comunitários, a descentralizaçom, a tecnologia tradicional, a diversidade de cultivos e os adubos naturais, o autofornecimento, a reduçom do tamanho das cidades...Na teoria, isso comportava umha ruptura quanto menos com dous aspectos essenciais do marxismo (e do sindicalismo revolucionário): a sociedade plenamente industrializada como alternativa emancipadora, quer dizer, o desdobramento ilimitado das forças produtivas socializadas como condiçom elemental dumha sociedade livre, e o papel da classe obreira fabril na libertaçom das servidumes capitalistas; isto é, a funçom do proletariado industrial –com a sua ética do trabalho e a sua docilidade sindical- como agente histórico e sujeito revolucionário. Ao depender a liberdade da estabilidade dos ecossistemas, dentro dos que se inseria, esta nom podia nascer dum desarrolhismo socializado universal, senom dum retorno à colectividade autosuficiente e à produçom local; nom surgiria da tomada dos meios de produçom capitalistas, senom do seu desmantelamento. Nom deviam assegurar-se um maior consumo e portanto umha produçom maior, senom a sua subsistência material. As suas necessidades haviam de definir-se segundo os recursos, nom em funçom do poder adquisitivo. Para isto nom tinham que organizar de umha outra maneira a mesma sociedade, senom transformá-la de baixo a cima, abolir todas as dependências, destruir a maquinária que obrigava a hierarquia, a especializaçom e o salário. Na sociedade convivencial nenhuma actividade imporia a quem nom participasse nela um trabalho, um consumo ou umha aprendizagem. A sociedade organizada de maneira autónoma e horizontal deveria dominar as condiçons da sua própria reproduçom sem sem alterar. Os intercámbios nom podiam comprometer a sua existência. Numha sociedade assi, o tecido social substituiria o Estado, controlando a sua tecnologia e prescindindo do mercado. Seguindo o fio do discurso, com o alvo de conseguir umha sociedade desse tipo –acrescentamos nós- os obreiros teriam que lutar, nom para se situar melhor ou simplesmente manter-se no mercado do trabalho, senom para se sair da economia. Tinham que destruir as fábricas e as máquinas, nom autogeri-las. E, já que no capitalismo contemporáneo o consumo prevalece sobre a produçom, o terreno do conflito residiria menos nos lugares de trabalho que na área da vida cotiá. Este combate requeriria a vontade de viver de outra maneira, polo que nom podia ser assumido por assalarios satisfeitos e consumistas. Os destinados a fazê-lo seriam os trabalhadores precários, os imigrantes, os parados, os presos ou os automarginados –os excluídos em geral- actuando nom no quadro da produçom capitalista, mas à margem, quer dizer, com um pé fora do sistema; e portanto, mais proclives a se situar, mediante a autoorganizaçom e o autoconsimo, numha perspectiva de enfraquecimento da economia e do Estado. Nos países “desenvolvidos” o grau de exclusom é mínimo, ainda que medra, mas nos países que os dirigentes chamam “subdesenvolvidos”, os excluídos som umha morea.

A destruçom do meio obreiro na década de oitente é a causa de que esta crítica ficasse ancorado nos meios que lhe dérom origem, e de que quinze anos mais tarde fosse recuperada polos ideólogos do decrescimento. No campo da radicalidade, apenas podemos citar reflexons neste sentido: Bookchin, Fredy Perlman, Theodore Kaczinski, “Encyclopédie des Nuisances”, “Fifth Estate”... o menos que se pode dizer de aqueles meios é que nom eram os mais ajeitados para expurgar dita crítica de contradiçons, para logo espalhá-la. Dacordo com ela, a reproduçom ampliada de capital e da força de trabalho estava assegurada polo decrescimento, mas nom a reproduçom do meio que fornecia recursos, nem tampouco da sociedade no conjunto. Daquela, cumpria perguntar-se se os conflitos que forçosamente têm de derivar do deterioramento ambiental, as catástrofes e a descomposiçom social, favoreceriam umha transformaçom do sistema; por outras palavras, se permitiriam a emergência dumha alternativa crível. A ideologia do decrescimento pretende ser essa alternativa.

O nome é umha simples etiqueta tomada de Georgescu-Roegen. De partida consiste num conjunto aparentemente coerente de ideias como as que expugemos, e que topamos em Illich, Partant, Mumford ou em The Ecologist, elaborado por expertos de instáncias de cooperaçom para o desenvolvimento, universidades, ONGs e “Foros Sociais”, o mesmo meio que alumou a ideologia cidadanista da “alterglobalizaçom”. Contodo, existem diferenças importantes entre ambas: a do decrscimento é antidesarrolhista e condena às claras o ecocapitalismo e o papel das novas tecnologias. Desaprova tanto o desenvolvimento sostível como o crescimento zero. Defende logo umha saída do mercado, nom um mercado mundial controlado; ainda mais, desconfia do Estado como sistema de poder centralizado e hierárquico, injustificável ante umha sociedade sem mercado, preferindo no seu lugar o ideal gandhiano dumha federaçom de aldeias autosuficientes. Na teoria, estaríamos ante umha concepçom libertária semelhante à do naturismo, ou à mais próxima ao comunalismo; na prática, nom há outra cousa que cidadanismo. O apoio de ATTAC, Ecologistas em Acçom ou Le Monde Diplomatique viriam a corroborá-lo se houvesse necessidade. Os alvos poderám variar, mas o de menos som os alvos, pois o “decrescimento convivencial” aspira a reproduzir pacificamente a produçom e o consumo de massas “mediante o controlo democrático da economia pola política”. Os ecologistas de Can Masdeu precisam que se trataria de formar “governos de transiçom, de ética inquebrantável, e monitorizados por baixo”. Como consegui-lo? Mediante a acçom “convivencial”, que nos haveria de conduzir, mediante a inanidade de actos simbólicos e festivos, para “conscienciar a sociedade”, a política oficial, as associaçons de consumidores, as candidaturas municipais e o sindicalismo. E é que a transiçom à economia autónoma tem que transcorrer sem problemas, já que os desencontros com o poder ponhem em perigo a “democracia”. Os partidários do decrescimento, como lumpenburguesia ilustrada, têm pánico à “desorde” e prefirem de longe a orde estabelecido às algaradas populares. As ideias terám mudado, mas os métodos som cidadanistas. Há que “exercer a cidadania” e avançar para “a democracia”, diz-nos o ideólogo Serge Latouche. O partido do decrescimento, com o fim de conjurar a crise social, pretende substituir o aparelho económico do capitalismo conservando o seu aparelho político. Como ao fim e ao cabo a proclamada saída do mercado nom é rupturista, senom morna e transaccional, quer arredar-se da economia sem se arredar da política, e aceita todas as mistificaçons que rejeitou na teoria. Nom esqueçamos que fugir ao crescimento nom supom para Latouche renunciar aos mercados, a moeda ou o salário, já que nom procura amotinar os oprimidos, senom convencer os dirigentes.

O seu discurso é o do tecnocrata experto, nom o do agitador. Mostrando o cámbio climático, o estoupido das borbulhas financeiras, o aumento do paro, o endividamento dos países empobrecidos, as secas e demais catástrofes, pretende animar a classe dirigente a se esquecer do crescimento. Supom-se que os dirigentes, ante a impossibilidade de controlar as crises e sob a ameaça de conflitos imprevisíveis, preferirám a paz social e a “deconstruçom” mercantil. Isto explica que dito partido nom contemple um cámbio social revolucionário a realizar polas vítimas do crescimento, e que na prática proponha um conjunto de reformas, impostos, desgravaçons, moratórias, leis, etc., quer dizer, “um programa reformista de transiçom” a aplicar das instituiçons políticas actuais. Nem cumpre dizer que é o mesmo que proponhem as plataformas cívicas, os ecologistas, os antiglobalizadores de mentira e mesmo a “esquerda” integrada. Excusamos dizer que o fomento dumha economia marginal sem autonomia real nem possibilidade de ser converter numha verdadeira alternativa é apenas umha coartada. Agricultura labrega, reduçom do conumo e da mobilidade, prioridade das relaçons, alimentaçom sá, redes locais de troco, nom concorrer, nom acumular...som ideias antidesarrolhistas que perdem todo sentido quando nom se quer a fractura social; as tentativas de realizaçom efectiva desta fractura alterariam seriamente as condiçons de produçom e intercámbio, ponhendo em perigo a existência do mercado, das instituiçons e das classes sociais privilegiadas. Pressionada pola necessidade de acougar o sistema, qualquer medida alternativa segue a direcçom do capitalismo. Assi, as economias marginais de algumha envergadura nom som mais que zonas de reserva de mao de obra industrial autosostidas; as energias renováveis desembocam em grandes parques eólicos ou solares segundo o modelo industrial; a reciclagem e a reutilizaçom levam-nos ao grande negócio exportador de lixo digital; a crise do petróleo inaugura a época de grandes plantaçons de agrocombustíveis. O interesse do decrescimento convivencial polas ONGs, os sindicatos, os parlamentos ou as Naçons Unidas como instáncias reguladoras e “monitorizadoras” ilustra, polo contrário, o seu desinteresse pola reconstruçom dumha esfera pública autónoma. Nom quer liquidar aos dirigentes, polo que tem que conservar primorosamente a maquinária política que os fai precisos, ainda que para isso tenha que empecer o seu back yard qualquer experiência real de democracia associativa, pois estas cousas estám bem que ocorram em Mali, Bolívia ou a Selva Lacandona, mas nom nas metróples occidentais.

A produçom cooperativa e o intercámbio sem benefícios nom poderám nascer do consenso com o poder senom da imposiçom por parte dos oprimidos dumhas condiçons sociais que proscrevam a produçom industrial e o comércio lucrativo. A luta contra a opressom –que como diria Anders, ocorre entre vítimas e culpáveis- é a única que pode sentar as bases dumha “democracia ecológica local” e umha autonomia social, nos arredores de Kinshasa e em toda parte.

A ideologia do decrescimento é a última mutaçom do cidadanismo trás o miserável fracasso do movimento contra cúmios; umha ilusom renovável, como diriam Os Amigos de Ludd. Como trivializaçom do protesto e supressom do conflito, é umha arma auxiliar da dominaçom. Nos dias que andamos, o capital saiu vencedor, como já saira da luta de clases dos sessenta e setenta. Sem nada nem ninguém que o detenha, prosegue a sua carreira de destruçom medrando atreu, esta vez graças às achegas ecologistas e cidadanistas. Umha sociedade livre nom pode conceber-se sem a sua aboliçom, que para o partido do decrescimento acarrearia o caos social e o terrorismo; porém, estes já estám presentes de sobra, o que configura aos poucos um regime ecofascista.

Dada a magnitude da catástrofe ecológica, lutar por umha vida livre nom é diferente a lutar por salvar a vida. Mas a luta pola sobrevivência –polas redes de intercámbio regionais, polo transporte público ou polas tecnologias limpas- nom significa nada arredada do combate anticapitalista; é mais, a sua força radica na intensidade de dito combate. Trata-se dum movimento de secessom mas também de subversom, cujo pulo depende mais da profundidade da crise social que da mesma crise ecológica. Dito de outro jeito, da conversom da crise ecológica em crise social, e portanto na sua transformaçom em luta de classes dum novo tipo. Se esta acadar um nível suficiente, as forças dos oprimidos poderiam deslocar o capitalismo e aboli-lo. Entom a humanidade poderia reconcilar-se com a natureza e reparar os danos à liberdade, a dignidade e ao desejo provocados polas tentativas de dominá-la.

21 de agosto de 2008

Acampamento de montanha: Defesa da terra, história, anti-consumismo, ...


A Agrupaçom de Montanha “Augas Limpas” dá continuidade às suas actividades de Verao. Se o ano passado organizávamos umha marcha todo ao longo da Dorsal Galega, denunciando a desfeita ambiental que estraga as serras galegas, neste ano convocamos um acampamento de montanha.

Encontro na serra:

As datas escolhidas som o 19, 20 e 21 de Setembro, justo os últimos dias de Verao. O lugar é o concelho de Sam Joám de Rio, no coraçom dumha das comarcas montanhosas mais senlheiras: Terras de Trives. O pequeno território de Sam Joám de Rio situa-se entre a serra de Castrelo e o monte Cerengo, com mais de 1200 metros de altitude. Ao norte, linda com Ribas de Sil, ao oeste com Castro Caldelas, ao suroeste com Chandreja de Queija e ao sul com a Póvoa de Trives. O rio mais importante do concelho é o Navea.

Sam Joám de Rio tem a sua capital no lugar do Campo, ao que se chega pola estrada comarcal 536 (de Ourense à Rua). Se vés do norte do país, podes chegar pola N-120, atravessando a Serra da Moa.

O território da Moa assenta numha planície de 900 metros de altura média, da Serra da Moa até o rio Navea. Como é habitual nestas zonas, a paisagem conforma-a um hábitat de aldeinhas dispersas e espalhadas. Nove parróquias dividem o concelho, que soma em total 69 núcleos habitados.

Sam Joám de Rio nom se livra do devalar demográfico e económico de todo o interior do país. Desde 1991 a 2007 perdeu umha terceira parte dos seus habitantes. Hoje apenas passa dos 800.

História:

Faltam muitos estudos sobre esta zona. Contodo, podemos dizer que se atopárom pegadas mui marcadas da civilizaçom do Ferro e a cultura castreja, como também dos seus antecessores megalíticos. Na serra da Moa existem restos de numerosas “mamoinhas”, que é como se conhecem nesta área, e que estám feitas de pedra gistosa.

Os romanos deixárom a sua marca perdurável na ponte sobre o rio Navea, pois tinham especial interesse no nosso país, sobretodo para saquear o ouro. (Ainda podemos conhecer alguns miliários que deixárom na zona em homenagem ao emperador). A ponte, tal como a vemos hoje, mostra um arco apontado, que nos indica que foi modificada no século XVI, junto com umha capela que servia de refúgio a peregrinos.

Ainda resta por recuperar muito da história mais recente desta comarca, que de seguro está na memória dos mais velhos. As Terras de Trives fôrom espaço de actuaçom da Federaçom de Guerrilhas de Leom-Galiza até a sua dissoluçom em 1946, e do Exército Guerrilheiro da Galiza durante a segunda metade dessa década.

Actividades:

Convocamos a três jornadas de conhecimento directo da serra, longe dos barulhos habituais, e numha terra que se salvou das cuiteladas das grandes infraestruturas, mas está a padecer a falta de atençom e despovoa-se irremisivelmente. Queremos que estas dias sirvam tanto para os visitantes como para quem nos recebem. Nem cumpre dizer que é obrigado deixar todo como o topamos, ou ainda melhor.

Na linha que vimos defendendo de AMAL, tencionamos que os encontros sirvam para conhecer directamente a Terra e livrar-nos de tanta ignoráncia que ainda arrastamos sobre ela; para saber das agressons que padece, e das melhores maneiras de combater os expoliadores que estám a ameaçar a Galiza; para debater o sentido de palavras como “ecologismo”, “decrescimento” ou ambientalismo; e também para conhecermos de primeira mao que alternativas existem de fixaçom de gente na montanha e na Galiza interior, e que formas de vida anticonsumistas som possíveis. Por suposto, também apostamos pola diversom, mas procurando fugir do lazer encadeado ao dinheiro, à incomunicaçom e às drogodependências. O calendário de actividades que agendamos vai nesta direcçom.

Calendário:

Sexta 19, Sábado 20 e Domingo 21 de setembro.

Como apontar-se?

Podes apontar-se ao acampamento em qualquer dos centros sociais galegos antes do dia 10 de Setembro, deixando o teu nome e um número de telefone. O preço das jornadas será de 20 euros, para afrontarmos gastos de transporte, comida alojamento.

Quem nom tiver um centro social no seu concelho, pode chamar ao 649 536 270.

Se finalmente se fleta um autocarro para a viagem, faremos-vo-lo saber individualmente a cada umha das pessoas inscritas.

Que precisas?

Por suposto, tenda de campanha e roupa de monte (apenas botas, prendas resistentes e mudas, deixa-te de marcas e consumo “decatlon”). Umha linterna, se podes uns prismáticos, navalha e pequeno botiquim. Nom te preocupes da comida, que disso já se encarrega a organizaçom. Ainda que che pareça mentira, nom precisas praticamente dinheiro, porque na montanha consume-se pouco. Umhas poucas moedinhas por se precisas fazer umha chamada de urgência dum telefone público (no monte tampouco se precisa móbil).

Isso si: som obrigatórias as ganhas de andar, certa forma física, as ánsias por conhecer a nossa Terra, e energias para contribuir a esta comunidade de resistência polo nosso país.

Acampamento de montanha: Defesa da terra, historia, anti-consumismo, ...


A Agrupaçom de Montanha “Augas Limpas” dá continuidade às suas actividades de Verao. Se o ano passado organizávamos umha marcha todo ao longo da Dorsal Galega, denunciando a desfeita ambiental que estraga as serras galegas, neste ano convocamos um acampamento de montanha.

Encontro na serra:

As datas escolhidas som o 19, 20 e 21 de Setembro, justo os últimos dias de Verao. O lugar é o concelho de Sam Joám de Rio, no coraçom dumha das comarcas montanhosas mais senlheiras: Terras de Trives. O pequeno território de Sam Joám de Rio situa-se entre a serra de Castrelo e o monte Cerengo, com mais de 1200 metros de altitude. Ao norte, linda com Ribas de Sil, ao oeste com Castro Caldelas, ao suroeste com Chandreja de Queija e ao sul com a Póvoa de Trives. O rio mais importante do concelho é o Navea.

Sam Joám de Rio tem a sua capital no lugar do Campo, ao que se chega pola estrada comarcal 536 (de Ourense à Rua). Se vés do norte do país, podes chegar pola N-120, atravessando a Serra da Moa.

O território da Moa assenta numha planície de 900 metros de altura média, da Serra da Moa até o rio Navea. Como é habitual nestas zonas, a paisagem conforma-a um hábitat de aldeinhas dispersas e espalhadas. Nove parróquias dividem o concelho, que soma em total 69 núcleos habitados.

Sam Joám de Rio nom se livra do devalar demográfico e económico de todo o interior do país. Desde 1991 a 2007 perdeu umha terceira parte dos seus habitantes. Hoje apenas passa dos 800.

História:

Faltam muitos estudos sobre esta zona. Contodo, podemos dizer que se atopárom pegadas mui marcadas da civilizaçom do Ferro e a cultura castreja, como também dos seus antecessores megalíticos. Na serra da Moa existem restos de numerosas “mamoinhas”, que é como se conhecem nesta área, e que estám feitas de pedra gistosa.

Os romanos deixárom a sua marca perdurável na ponte sobre o rio Navea, pois tinham especial interesse no nosso país, sobretodo para saquear o ouro. (Ainda podemos conhecer alguns miliários que deixárom na zona em homenagem ao emperador). A ponte, tal como a vemos hoje, mostra um arco apontado, que nos indica que foi modificada no século XVI, junto com umha capela que servia de refúgio a peregrinos.

Ainda resta por recuperar muito da história mais recente desta comarca, que de seguro está na memória dos mais velhos. As Terras de Trives fôrom espaço de actuaçom da Federaçom de Guerrilhas de Leom-Galiza até a sua dissoluçom em 1946, e do Exército Guerrilheiro da Galiza durante a segunda metade dessa década.

Actividades:

Convocamos a três jornadas de conhecimento directo da serra, longe dos barulhos habituais, e numha terra que se salvou das cuiteladas das grandes infraestruturas, mas está a padecer a falta de atençom e despovoa-se irremisivelmente. Queremos que estas dias sirvam tanto para os visitantes como para quem nos recebem. Nem cumpre dizer que é obrigado deixar todo como o topamos, ou ainda melhor.

Na linha que vimos defendendo de AMAL, tencionamos que os encontros sirvam para conhecer directamente a Terra e livrar-nos de tanta ignoráncia que ainda arrastamos sobre ela; para saber das agressons que padece, e das melhores maneiras de combater os expoliadores que estám a ameaçar a Galiza; para debater o sentido de palavras como “ecologismo”, “decrescimento” ou ambientalismo; e também para conhecermos de primeira mao que alternativas existem de fixaçom de gente na montanha e na Galiza interior, e que formas de vida anticonsumistas som possíveis. Por suposto, também apostamos pola diversom, mas procurando fugir do lazer encadeado ao dinheiro, à incomunicaçom e às drogodependências. O calendário de actividades que agendamos vai nesta direcçom.

Calendário:

Sexta 19, Sábado 20 e Domingo 21 de setembro.

Como apontar-se?

Podes apontar-se ao acampamento em qualquer dos centros sociais galegos antes do dia 10 de Setembro, deixando o teu nome e um número de telefone. O preço das jornadas será de 20 euros, para afrontarmos gastos de transporte, comida alojamento.

Quem nom tiver um centro social no seu concelho, pode chamar ao 649 536 270.

Se finalmente se fleta um autocarro para a viagem, faremos-vo-lo saber individualmente a cada umha das pessoas inscritas.

Que precisas?

Por suposto, tenda de campanha e roupa de monte (apenas botas, prendas resistentes e mudas, deixa-te de marcas e consumo “decatlon”). Umha linterna, se podes uns prismáticos, navalha e pequeno botiquim. Nom te preocupes da comida, que disso já se encarrega a organizaçom. Ainda que che pareça mentira, nom precisas praticamente dinheiro, porque na montanha consume-se pouco. Umhas poucas moedinhas por se precisas fazer umha chamada de urgência dum telefone público (no monte tampouco se precisa móbil).

Isso si: som obrigatórias as ganhas de andar, certa forma física, as ánsias por conhecer a nossa Terra, e energias para contribuir a esta comunidade de resistência polo nosso país.

Teoria do decrescimento


18 de agosto de 2008

Acampamento de montanha: Defesa da terra, historia e anti-consumismo


A Agrupaçom de Montanha “Augas Limpas” dá continuidade às suas actividades de Verao. Se o ano passado organizávamos umha marcha todo ao longo da Dorsal Galega, denunciando a desfeita ambiental que estraga as serras galegas, neste ano convocamos um acampamento de montanha.

Encontro na serra:

As datas escolhidas som o 19, 20 e 21 de Setembro, justo os últimos dias de Verao. O lugar é o concelho de Sam Joám de Rio, no coraçom dumha das comarcas montanhosas mais senlheiras: Terras de Trives. O pequeno território de Sam Joám de Rio situa-se entre a serra de Castrelo e o monte Cerengo, com mais de 1200 metros de altitude. Ao norte, linda com Ribas de Sil, ao oeste com Castro Caldelas, ao suroeste com Chandreja de Queija e ao sul com a Póvoa de Trives. O rio mais importante do concelho é o Navea.

Sam Joám de Rio tem a sua capital no lugar do Campo, ao que se chega pola estrada comarcal 536 (de Ourense à Rua). Se vés do norte do país, podes chegar pola N-120, atravessando a Serra da Moa.

O território da Moa assenta numha planície de 900 metros de altura média, da Serra da Moa até o rio Navea. Como é habitual nestas zonas, a paisagem conforma-a um hábitat de aldeinhas dispersas e espalhadas. Nove parróquias dividem o concelho, que soma em total 69 núcleos habitados.

Sam Joám de Rio nom se livra do devalar demográfico e económico de todo o interior do país. Desde 1991 a 2007 perdeu umha terceira parte dos seus habitantes. Hoje apenas passa dos 800.

História:

Faltam muitos estudos sobre esta zona. Contodo, podemos dizer que se atopárom pegadas mui marcadas da civilizaçom do Ferro e a cultura castreja, como também dos seus antecessores megalíticos. Na serra da Moa existem restos de numerosas “mamoinhas”, que é como se conhecem nesta área, e que estám feitas de pedra gistosa.

Os romanos deixárom a sua marca perdurável na ponte sobre o rio Navea, pois tinham especial interesse no nosso país, sobretodo para saquear o ouro. (Ainda podemos conhecer alguns miliários que deixárom na zona em homenagem ao emperador). A ponte, tal como a vemos hoje, mostra um arco apontado, que nos indica que foi modificada no século XVI, junto com umha capela que servia de refúgio a peregrinos.

Ainda resta por recuperar muito da história mais recente desta comarca, que de seguro está na memória dos mais velhos. As Terras de Trives fôrom espaço de actuaçom da Federaçom de Guerrilhas de Leom-Galiza até a sua dissoluçom em 1946, e do Exército Guerrilheiro da Galiza durante a segunda metade dessa década.

Actividades:

Convocamos a três jornadas de conhecimento directo da serra, longe dos barulhos habituais, e numha terra que se salvou das cuiteladas das grandes infraestruturas, mas está a padecer a falta de atençom e despovoa-se irremisivelmente. Queremos que estas dias sirvam tanto para os visitantes como para quem nos recebem. Nem cumpre dizer que é obrigado deixar todo como o topamos, ou ainda melhor.

Na linha que vimos defendendo de AMAL, tencionamos que os encontros sirvam para conhecer directamente a Terra e livrar-nos de tanta ignoráncia que ainda arrastamos sobre ela; para saber das agressons que padece, e das melhores maneiras de combater os expoliadores que estám a ameaçar a Galiza; para debater o sentido de palavras como “ecologismo”, “decrescimento” ou ambientalismo; e também para conhecermos de primeira mao que alternativas existem de fixaçom de gente na montanha e na Galiza interior, e que formas de vida anticonsumistas som possíveis. Por suposto, também apostamos pola diversom, mas procurando fugir do lazer encadeado ao dinheiro, à incomunicaçom e às drogodependências. O calendário de actividades que agendamos vai nesta direcçom.

Calendário:

Sexta 19, Sábado 20 e Domingo 21 de setembro.

Como apontar-se?

Podes apontar-se ao acampamento em qualquer dos centros sociais galegos antes do dia 10 de Setembro, deixando o teu nome e um número de telefone. O preço das jornadas será de 20 euros, para afrontarmos gastos de transporte, comida alojamento.

Quem nom tiver um centro social no seu concelho, pode chamar ao 649 536 270.

Se finalmente se fleta um autocarro para a viagem, faremos-vo-lo saber individualmente a cada umha das pessoas inscritas.

Que precisas?

Por suposto, tenda de campanha e roupa de monte (apenas botas, prendas resistentes e mudas, deixa-te de marcas e consumo “decatlon”). Umha linterna, se podes uns prismáticos, navalha e pequeno botiquim. Nom te preocupes da comida, que disso já se encarrega a organizaçom. Ainda que che pareça mentira, nom precisas praticamente dinheiro, porque na montanha consume-se pouco. Umhas poucas moedinhas por se precisas fazer umha chamada de urgência dum telefone público (no monte tampouco se precisa móbil).

Isso si: som obrigatórias as ganhas de andar, certa forma física, as ánsias por conhecer a nossa Terra, e energias para contribuir a esta comunidade de resistência polo nosso país.

Roteiro nocturno pola Serra do Galinheiro


A marcha polo Galinheiro até o Monte Aloia foi o único roteiro que se fijo este verao desde a Agrupaçom de Montanha Águas Limpas. Foi um roteiro nocturno, de perto de 9km, em que percorremos todos os cumes dos montes da Comarca de Vigo, até chegarmos a Tui.
O Galinheiro é um monte muito transitado pola populaçom viguesa, tanto para fazer escalada, como sendeirismo. Tem umha altitude de 709m, e desde o cume pode-se ver Baiona, as maravilhosas Ilhas Cies, a Ria de Vigo, a de Ponte-Vedra e até a Ria de Arouça, se acompanha um dia claro.
O roteiro começamo-lo desde o Galinheiro, (nom precisamos culminá–lo para poder começar a marcha), observamos inicialmente as incríveis vistas das Cies e dos pequenos coutos que arrodeiam o nosso querido Galinheiro. Toda vez iniciada a marcha, perto do Monte Arruídos, começam-se a ver as aberraçons deste sistema explorador anti-ecologista, devido às canteiras da Comarca que fijerom desaparecer grande parte dos montes do Porrinho e as Gándaras.
Mais ou menos pola metade do roteiro, já adentrados em Clavadouros, atopamo-nos com umhas das vistas mais impressionantes de todo o caminho, dentro do Concelho de Nigrám, onde se podem ver as Ilhas Cies com umha perspectiva difícil de atopar desde outros coutos, pois olha-se a Ilha Sul desde o Oeste. É claro que o roteiro foi de noite, assim que estas vistas forom complexas de desfrutar... ainda que tenhen a sua magia também, o tempo nom nos ajudou muito.
Na fase final do roteiro, já perto do destino final do Monte Aloia, considerado Parque Natural, polas serras do Pouso dos Cabreiros o tempo nom nos acompanhou, tivemos um nevoeiro-poalha bastante espessa, que nom nos permitiu gozar afinal das vistas.
Avistarmos a Pedra do Acordo indica-nos a chegada ao Aloia, que recebe este nome devido a que antigamente se reuniam os responsáveis dos Concelhos de Tui, Gondomar e do Porrinho para a toma de decissons.
O Concelho de Tui, pertence ao chamado Baixo Minho, onde se pode desfrutar de todo o percurso do rio até a desembocadura no Oceano Atlântico, onde está o Monte de Santa Tegra, muito conhecido polas suas apaijonantes vistas, que separa a nossa Galiza do país vizinho, Portugal. Mas isso ficará para outro roteiro! Esta vez de dia, para comprovarmos que é igual ou mais bonito que todo o que estivemos a observar ao redor neste fantástico roteiro nocturno, que nos fijo conectar coa realidade da natureza, acompanhados da magia da lua cheia de verao.



A grupo de Vigo de AMAL organizou este roteiro em agosto de 2008 pola serra do Galinheiro. Começando a sexta-féira 15 de Agosto e com actividades programadas para o Sábado 16:

5 de agosto de 2008

Acampamento de montanha: Defesa da terra, historia e anti-consumismo


A Agrupaçom de Montanha “Augas Limpas” dá continuidade às suas actividades de Verao. Se o ano passado organizávamos umha marcha todo ao longo da Dorsal Galega, denunciando a desfeita ambiental que estraga as serras galegas, neste ano convocamos um acampamento de montanha.

Encontro na serra:

As datas escolhidas som o 19, 20 e 21 de Setembro, justo os últimos dias de Verao. O lugar é o concelho de Sam Joám de Rio, no coraçom dumha das comarcas montanhosas mais senlheiras: Terras de Trives. O pequeno território de Sam Joám de Rio situa-se entre a serra de Castrelo e o monte Cerengo, com mais de 1200 metros de altitude. Ao norte, linda com Ribas de Sil, ao oeste com Castro Caldelas, ao suroeste com Chandreja de Queija e ao sul com a Póvoa de Trives. O rio mais importante do concelho é o Navea.

Sam Joám de Rio tem a sua capital no lugar do Campo, ao que se chega pola estrada comarcal 536 (de Ourense à Rua). Se vés do norte do país, podes chegar pola N-120, atravessando a Serra da Moa.

O território da Moa assenta numha planície de 900 metros de altura média, da Serra da Moa até o rio Navea. Como é habitual nestas zonas, a paisagem conforma-a um hábitat de aldeinhas dispersas e espalhadas. Nove parróquias dividem o concelho, que soma em total 69 núcleos habitados.

Sam Joám de Rio nom se livra do devalar demográfico e económico de todo o interior do país. Desde 1991 a 2007 perdeu umha terceira parte dos seus habitantes. Hoje apenas passa dos 800.

História:

Faltam muitos estudos sobre esta zona. Contodo, podemos dizer que se atopárom pegadas mui marcadas da civilizaçom do Ferro e a cultura castreja, como também dos seus antecessores megalíticos. Na serra da Moa existem restos de numerosas “mamoinhas”, que é como se conhecem nesta área, e que estám feitas de pedra gistosa.

Os romanos deixárom a sua marca perdurável na ponte sobre o rio Navea, pois tinham especial interesse no nosso país, sobretodo para saquear o ouro. (Ainda podemos conhecer alguns miliários que deixárom na zona em homenagem ao emperador). A ponte, tal como a vemos hoje, mostra um arco apontado, que nos indica que foi modificada no século XVI, junto com umha capela que servia de refúgio a peregrinos.

Ainda resta por recuperar muito da história mais recente desta comarca, que de seguro está na memória dos mais velhos. As Terras de Trives fôrom espaço de actuaçom da Federaçom de Guerrilhas de Leom-Galiza até a sua dissoluçom em 1946, e do Exército Guerrilheiro da Galiza durante a segunda metade dessa década.

Actividades:

Convocamos a três jornadas de conhecimento directo da serra, longe dos barulhos habituais, e numha terra que se salvou das cuiteladas das grandes infraestruturas, mas está a padecer a falta de atençom e despovoa-se irremisivelmente. Queremos que estas dias sirvam tanto para os visitantes como para quem nos recebem. Nem cumpre dizer que é obrigado deixar todo como o topamos, ou ainda melhor.

Na linha que vimos defendendo de AMAL, tencionamos que os encontros sirvam para conhecer directamente a Terra e livrar-nos de tanta ignoráncia que ainda arrastamos sobre ela; para saber das agressons que padece, e das melhores maneiras de combater os expoliadores que estám a ameaçar a Galiza; para debater o sentido de palavras como “ecologismo”, “decrescimento” ou ambientalismo; e também para conhecermos de primeira mao que alternativas existem de fixaçom de gente na montanha e na Galiza interior, e que formas de vida anticonsumistas som possíveis. Por suposto, também apostamos pola diversom, mas procurando fugir do lazer encadeado ao dinheiro, à incomunicaçom e às drogodependências. O calendário de actividades que agendamos vai nesta direcçom.

Calendário:

Sexta 19, Sábado 20 e Domingo 21 de setembro.

Como apontar-se?

Podes apontar-se ao acampamento em qualquer dos centros sociais galegos antes do dia 10 de Setembro, deixando o teu nome e um número de telefone. O preço das jornadas será de 20 euros, para afrontarmos gastos de transporte, comida alojamento.

Quem nom tiver um centro social no seu concelho, pode chamar ao 649 536 270.

Se finalmente se fleta um autocarro para a viagem, faremos-vo-lo saber individualmente a cada umha das pessoas inscritas.

Que precisas?

Por suposto, tenda de campanha e roupa de monte (apenas botas, prendas resistentes e mudas, deixa-te de marcas e consumo “decatlon”). Umha linterna, se podes uns prismáticos, navalha e pequeno botiquim. Nom te preocupes da comida, que disso já se encarrega a organizaçom. Ainda que che pareça mentira, nom precisas praticamente dinheiro, porque na montanha consume-se pouco. Umhas poucas moedinhas por se precisas fazer umha chamada de urgência dum telefone público (no monte tampouco se precisa móbil).

Isso si: som obrigatórias as ganhas de andar, certa forma física, as ánsias por conhecer a nossa Terra, e energias para contribuir a esta comunidade de resistência polo nosso país.

X Acampamento de Verao

Como todos os últimos fins de semana do verao, reunimo-nos num par de jornadas de convívio, caminhadas, lezer e conversa, que servirá...